Os compostos fenólicos fazem parte dos componentes não essenciais da
alimentação e apresentam bioactividade ligada à sua capacidade de
quelatar metais, inibir a enzima lipoxigenase e sequestrar radicais
livres. No entanto, estes compostos também exibem actividade
pró-oxidante in vitro, ao quelatar metais de modo a manter ou
intensificar a sua actividade catalítica ou reduzindo metais, aumentando
a sua capacidade de formar radicais livres a partir de peróxidos.
O pH é um parâmetro determinante na capacidade oxidativa dos
compostos fenólicos. Por exemplo, o ácido g-resorcílico exibe actividade
antioxidante a pH 5.8 e pró-oxidante a pH 7.4. Este tipo de dados sugere que o pH dos tecidos biológicos pode também influenciar a actividade dos compostos fenólicos.
A actividade dos compostos fenólicos também depende da sua
solubilidade. Em óleos, os compostos hidrofílicos são antioxidantes mais
eficazes que os hidrofóbicos, enquanto estes últimos apresentam maior
eficácia em óleos emulsificados. Esta observação é
justificada pela capacidade dos compostos hidrofílicos se concentrarem
na interface óleo-ar dos óleos não emulsificados, onde predominam os
fenómenos de oxidação, enquanto que nas emulsões os compostos
hidrofóbicos se concentram na fase lipídica e os hidrofílicos
particionam em ambas as fases. A partição lipídica afecta de modo
semelhante a actividade antioxidante dos compostos fenólicos nos
fosfolípidos das membranas celulares.
Outro factor que afecta a eficácia antioxidante é o tipo e a
solubilidade do catalisador utilizado, pois quando se utilizam
catalisadores de oxidação hidrossolúveis, os antioxidantes hidrofílicos
são geralmente mais eficazes que os hidrofóbicos.
Sabendo-se que os tecidos biológicos contêm diferentes tipos de lípidos e exibem diferenças de pH, concentração de O2
e de catalisadores de oxidações, é difícil encontrar um modelo
experimental que permita avaliar os efeitos dos antioxidantes na saúde.
Acresce que na determinação da actividade antioxidante deverão ser ainda
tidos em conta os efeitos de solubilidade, biodisponibilidade e
retenção tecidular.
É também importante que os resultados de estudos sobre a actividade
de um antioxidante sobre um dado sistema (LDL, por exemplo), não sejam
alargados a outros sistemas biológicos, com lípidos e catalisadores de
oxidação diferentes. De modo semelhante, não devem ser usados resultados
de ensaios de componentes alimentares em modelos simples como
demonstração do potencial antioxidante de um dado alimento.
Existem fortes evidências dos benefícios para a saúde resultantes do
consumo de alimentos contendo compostos fenólicos; no entanto, não são
ainda bem conhecidas as relações entre a sua bioactividade e as suas
propriedades antioxidantes. O facto de estes compostos poderem agir como
antioxidantes ou pró-oxidantes, dependendo das condições, indica que o
seu consumo, na forma de suplementos alimentares ou mesmo em alguns
alimentos, pode não ser prudente até existir um conhecimento mais
aprofundado sobre os mesmos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário